Secretary-General’s Remarks on Anniversary of Popular Consultation in Timor-Leste
Following are UN Secretary-General António Guterres’ remarks on the occasion of the twenty-fifth anniversary of the Popular Consultation in Timor-Leste, in Dili today:
Kalan Di-ak (Boa Noite).
Viva Timor Leste. Parabens ba Povu Timor Leste.
Excelensias,
Belun doben sira,
Ho laran haksolok no emosaun kle’an / tebetebes mak ha’u mai hasoru ita-boot sira / ohin iha fatin ida-ne’e
I have here a speech that I was prepared to deliver, but I will leave the speech aside and allow me to express the deep emotions that I feel participating in the twenty-fifth anniversary and that glorious day in which the people of Timor-Leste has felt it massively to guarantee the independence of the country.
And that day was only possible because for decades the heroic resistance of Timor-Leste has been able against all odds in the most difficult circumstances facing the powerful army, facing bombardments, facing destruction, facing at a certain moment the prison of its leader the twenty-fifth of September was only possible because…
… o 25 de setembro foi só possível porque a resistência timorense nunca desistiu. Porque a resistência timorense se baseou no princípio de Xanana Gusmão que resistir é vencer. A resistência timorense foi capaz de suportar tudo para garantir que o povo timorense tivesse finalmente a liberdade a que tinha direito. E não se pode falar da resistência timorense sem se falar do seu chefe, Xanana Gusmão. Para mim, um lendário combatente nas montanhas, ainda não o conhecia nessa altura. Resistente na cadeia, com quem tive a chance de uma vez de poder falar ao telefone, e um líder capaz de liderar o povo de Timor-Leste, não só no caminho para a independência, mas no caminho para o Estado democrático e no caminho para a reconciliação entre os timorenses e os indonésios.
E não posso ainda esquecer os muitos trabalhos que, enquanto primeiro-ministro de Portugal, procurava ter, convencendo tantos e tantos, por esse mundo fora, que era preciso garantir o direito internacional e era preciso respeitar a autodeterminação do povo de Timor-Leste. Não posso esquecer que em toda a parte, encontrava Ramos-Horta. Ramos-Horta que, falando com todos os países, com todos os líderes, levantando a sua voz com enorme energia, dizia a todos: é preciso que não haja mais hipocrisia. É preciso que não haja mais egoísmo. É preciso que se reconheça o direito do povo de Timor-Leste à independência e, finalmente, foi possível convencer a comunidade internacional. Depois, tivemos esta chance, de aproveitar uma oportunidade, que foi criada pelo presidente Habibie da Indonésia e quero aqui prestar homenagem à coragem do presidente Habibie da Indonésia ao aceitar um acordo que previa uma consulta popular no sentido da autodeterminação do povo de Timor-Leste. E recordo essa noite para Portugal, era de noite, aqui era de dia. Essa noite inesquecível, do 25 de setembro, em que não dormi, ao telefone e em que me emocionava cada vez mais com as notícias de que o povo vinhas aos milhares, descendo das montanhas para votar e para gritar, votando, que queria a independência de Timor-Leste.
Foram momentos inesquecíveis, momentos de alegria e de emoção que, infelizmente, foram seguidos por semanas de enorme preocupação e de enorme angústia com a violência terrível que se abateu sobre Timor-Leste e com o risco do massacre do povo timorense. E aí todos juntámos, chamando a atenção da comunidade internacional para que era absolutamente indispensável uma intervenção que garantisse que a vontade do povo timorense fosse respeitada e que Timor-Leste se transformasse num país independente. Talvez hoje, com as divisões geopolíticas que existem essa intervenção não seria possível, mas na altura felizmente foi. E graças a essa intervenção foi possível estabilizar essa situação e foi possível, com a liderança de Xanana Gusmão, promover a reconciliação entre os timorenses e, como disse, a reconciliação também com o povo indonésio. E quero aqui exprimir a minha profunda admiração pelo facto de Timor-Leste se ter transformado num país democrático exemplar, com profundo respeito pelos direitos humanos e num parceiro extremamente credível da comunidade internacional. Um país membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, um país fundador do G7+, um país que acaba de aderir à Organização Mundial do Comércio e que vai aderir à ASEAN. Um país que nas Nações Unidas tem uma ação permanente em defesa dos valores mais importantes da sociedade internacional, na defesa da Carta das Nações Unidas, na defesa da lei da garantia que os direitos humanos são respeitados.
É este país admirável que hoje aqui celebramos. Mas é um país que enfrenta grandes desafios. É um país que tem pela frente a necessidade de garantir aos seus cidadãos a segurança alimentar, a educação de qualidade, a saúde de qualidade, tantas e tantas coisas para as quais infelizmente a solidariedade internacional não tem sido suficiente. E quero aqui apelar, sabendo da determinação do governo de Timor-Leste, no sentido de garantir a execução desses objetivos, quero aqui apelar à forte solidariedade internacional para apoiar Timor-Leste que ganhou a batalha da independência e ganhou a batalha da democracia para que possa também ganhar a batalha do desenvolvimento. E estou particularmente orgulhoso pelo facto, sendo hoje secretário- geral das Nações Unidas, terem sido as Nações Unidas que aqui organizaram o referendo. Terem sido as Nações Unidas que aqui lutaram sempre ao lado do povo timorense para consolidar a democracia, com alguns dos seus membros, todos timorenses aliás, que perderam a vida pela independencia de Timor, e profundamente reconhecido a todos aqueles que sob a bandeira das Nações Unidas colaboraram nessa obra admirável que é a construção do novo Timor, livre e independente.
E quero garantir que as Nações Unidas continuam solidárias com o povo timorense e que na batalha do desenvolvimento podem contar connosco, podem contar com a nossa total solidariedade e com o nosso total empenhamento em vos apoiar na vossa estratégia para o desenvolvimento.
Queridos amigos, viva Timor-Leste.